terça-feira, abril 18, 2006

Carta

Miguel,
...foi quando cheguei a casa que me apercebi. Dia 15, fez sete anos que nos conhecemos. Lembro-me tão bem desse dia, desse momento, da sua preparação. Lembro-me de ter feito um bolo de iogurte (que pouco tocaste por não poderes abusar dos doces... que pontaria a minha...) onde colei joaninhas de madeira a treparem por ele, e no exterior da caixa. Levava também flores brancas. Tinha a excitação do primeiro encontro, mas com demasiada ousadia para quem te não conhecia ainda. Ouvi tanto falar de ti. Tinha na minha cabeça duas preocupações que ainda hoje me habitam... principalmente contigo. Poderia a minha voz irritar-te de alguma forma, ou ser-te-ia agradável, meiga, prazerosa? Conseguiria eu descrever-me para ti? Conseguiria transmitir-te boas sensações? Conseguiria descrever-te de forma bonita e fiel aquilo que eu via e vivia? Lembro-me tão bem =) Recebeste-me sempre tão bem e logo me cativaste. Lembro-me de te ter trazido de férias uma daquelas palhinhas torcidas com o boneco do Hércules, para te dizer que para mim eras e és uma pessoa de grande força. E foi essa força que encontrei hoje, no nosso reencontro =)

Hoje, e ao fim de algum tempo sem nos vermos, tive a sensação de que me vês muito bonita. Gostei tanto desta tarde. O tempo voou e esse é um bom indicador de uma tarde bem passada. Falámos tanto de sonhos, de medos, de recordações, rimos um do outro e senti-te mais perto. Disseste-me para eu lutar. E eu vou lutar! Vou lutar pois acredito que "o conhecimento humanista produz ideias. As ideias produzem sonhos. Os sonhos transformam a sociedade..." (Augusto Cury, A Saga de um Pensador).

E se o meu sonho for o sonho de mais gente... =) Vamos sonhar juntos? =)

És a prova de que o Amor pode muito. O Amor gera Amor e eu achei-te em Paz, Amigo! Sim, Amigo! Sei que és meu amigo e que me estimas. Soube-o hoje, mais do que qualquer outra vez, e agradeço a Deus por isso. Quando penso em como te conheci, não me interessa mais nada... o que se passou, ou não, de mais atribulado. Penso só que tinha de chegar até ti. E cheguei. Agora quero chegar sempre e enquanto te for querida =) Levar-te-ei os raios de sol que for conseguindo transportar dentro de mim, a chuva fria que se agarrará aos meus cabelos para te poder molhar quando te for a cumprimentar, o meu sorriso que sabes que é sincero só de o sentires junto a ti, dentro de ti, as flores que for encontrando no caminho até ti, o cheiro dos livros que tanto gostamos os dois de comprovar =), a VIDA que se respira por aí...

Nunca te disse isto antes, mas foi na consequência do que te aconteceu que após uma revolta, a minha fé saiu reforçada (também por outro grande anjo responsável, o Paulo B. que conheci melhor neste turbilhão). E eu nem te conhecia ainda... Foi um Verão revolucionário na minha vida, em que me estava ainda a preparar para o Crisma. Foi nessa altura que mais pedi contas a Deus e que logo percebi o Seu Amor e os seus caminhos. Felizes os que andam seus caminhos, Miguel. E feliz termo-nos encontrado no mesmo caminho =)
Foi na adversidade que O reencontrei onde não o tinha procurado... dentro de mim =)

Nesta altura vi também um filme que me tocou (Cidade dos Anjos) e com toda esta misturada de sentimentos e revoluções interiores...

«Sinto medo
só de pensar que o possuo;
A esse medo,
em não poder mais contemplar,
em não poder mais lembrar...
Tenho medo!...
Que a memória me traia;
que a memória não me valha!

E de que vale ela afinal,
senão lembrar algo especial
que nos traz então saudade?

Essa... saudade cruel,
que não me prendas ao passado,
mas que reflictas no futuro...
Lembrar palavras, lembrar momentos,
lembrar sorrisos, lágrimas, sentimentos...
Saudade que nos deixa ferida,
que nos esquece da vida.

Não sejas algo que me faça sofrer;
Não sejas algo que não quero;
Não sejas sinónimo de desespero!
Sê lembrada com Amor...
Amor no que tiveste;
Amor no que viveste...
Não desesperes!

Olha para as estrelas,
Pergunta ao mar,
Contempla o sol...
Devagar... com carinho,
diz-lhe feliz,
diz-lhe baixinho,
quando ele se puser:
"-Vi-te uma vez na vida,
bem posso eu morrer
...

Não é bom, não é mau, é o que é =) Mas foi e continua a ser importante para os meus momentos mais descrentes... é nisto que está a beleza deste reencontro sempre constante e presente, é nisto que está o compromisso de um novo encontro =)
Beijinho...


PS->Também gosto muito do teu humor =) É um sinal de inteligência =)

Medo é falta de confiança em Deus...

[Inês!!! Parabéns, querida! Chato, chato é passarmos o dia de anos no Brasíu! **
Hoje fazem também anos a Ana e o meu primo Pedro =) Parabéns!]

1 comentário:

  1. Linda... estava a ler o post e a pensar: "vou ter de comentar", principalmente quando cheguei à parte do poema!! ADOREI mesmo!!
    E a grandiosidade das tuas palavras fizeram-me, de certa maneira, arrepiar!!!

    Quando cheguei ao fim fiquei ainda mais contente!! :p
    Muito obrigada Joanita!!

    Saudades de um abraço...

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