sexta-feira, abril 28, 2006

Dia bom... Cheio.

Acordei bem disposta, ainda reflexo de uma noite de sonhos altos. Fui inscrever-me no Curso de Formação Pedagógica de Formadores. E acabei por ter comigo uma colega inesperada. A minha mãe inscreveu-se comigo no curso. Vai ser bom para passarmos algum tempo juntas, e vai ser bom sermos colegas de “escola” =) Almocei com o meu primo que trabalha na Rumos e segui para a Cinemateca. A Cinemateca Portuguesa é um espaço, em que ao mesmo tempo que é o Museu do Cinema, é um local onde se pode tomar um fantástico chá no 39 degraus (eu contei-os, e são de facto 39 =)), onde podemos visitar a livraria, onde interessa acompanhar o que se fez no cinema que tivesse marcado a sua história, ou em última análise a história de cada um de nós.

Pacientemente e sem nunca deixar de acreditar =P o meu amigo Bruno "Ora Essa Por Quem Sois”, lá assinalava com bolas a lápis, que é como ele gosta de escrever, os filmes que eu não podia perder. Para desgosto dele e humilhação minha, lá ia eu adiando a visita ao mesmo tempo que ia mostrando interesse por cinema mais recente, enquanto ele me fazia ver que o interesse da Cinemateca era ver filmes que dificilmente se encontrariam noutro circuito. Optei de facto por um filme já deste século, Boys don’t cry, mas que tinha perdido nas salas de cinema. Comprei o bilhete e fui conhecer o local. Entrei na cúpula estrelada e fresca (neste dia quente) e fiquei contente por ter já o bilhete na mão. =)

Esta tarde, estive bem-disposta, sorria por onde passasse e alegrava-me com as pequenas coisas... principalmente com aquelas que habitualmente não ligo por estarem tão ao alcance, aquelas que tenho pena de não me lembrar nos dias ditos normais... mas que o dia de hoje exigia celebração. A manhã que me sorriu, ou eu a ela, as árvores que me proporcionavam um jogo de sombras ao longo da Avenida da Liberdade, os turistas que passeiam por Lisboa o ano inteiro, o poder andar a pé nesta cidade de luz, o cruzar-me com pessoas bonitas, o cruzar-me com pessoas menos bonitas mas que um dia vão descobrir que tudo não passa de uma luz interior que (man)têm neste momento fosca, o movimento, tudo o que Lisboa começa a oferecer aos que se passeiam e aos residentes, com a chegada dos meses de Maio e Junho. Fui a pé até à Praça do Comércio, imponente, bonita, e que me traz várias memórias de momentos breves e intensos, que me deixa indecisa se a prefiro ver com as luzes da noite ou com a luz do dia. Muitas máquinas fotográficas, muitas famílias, uma chegada ao rio para tornar a subir, a atravessar ruas, a aproveitar os últimos minutos para espreitar as ruas que há muito não visitava, Madalena, Fanqueiros, Conceição, Ouro, Crucifixo...


Cheguei à Culturgest =), e trabalhei =), e vi Susana Baca =), que encantou pela sua cara de senhora sexagenária, de rugas cravadas... principalmente aquelas acentuadas pelos sorrisos e todas as emoções pelas quais terá passado e que de forma ousada e descontraída mostrou neste concerto, num resultado quente de senhora peruana. Surpresa total quando na sua pronúncia mal pronunciada introduz os versos de Damien Rice (esse que me acompanha em tantas noites de escrita, pensamentos, sonhos...) em Volcano:

What I am to you is not real
What I am to you you do not need
What I am to you is not what you mean to me

[E o que seremos uns para os outros? Será real?
Seremos para os outros o que eles precisam?
Significaremos para os outros o mesmo que eles significam para nós?

E para ti? O que sou? O que significo? É isto que precisas?]

quinta-feira, abril 27, 2006

Hoje terminei o curso de geotermal.
Ao longo dos últimos três meses fui ganhando o gosto e descobrindo novos assuntos, novos mundos, novos interesses, novas formas de comunicar. É daquelas oportunidades que nos surgem, e que ao aproveitarmos, acabamos por descobrir a influência que temos no bem-estar do outros. Ou que podemos ter...

Acredito que qualquer que seja a terapêutica ou dedicação feita em nós ou que nos faça ocupar do bem-estar do próximo, é, já de si, o caminho para a compreensão do nosso corpo, da nossa mente e das nossas limitações, um caminho para reparar energias, ou, se quisermos e estivermos predispostos, para a cura. Agora sei que já não olho para as pedras de forma igual e indiferenciada. =) Olho sempre com aquela curiosidade interesseira e estou sempre atenta a tamanhos, características, cores... Se é verdade que é bom receber massagens, é, igualmente, bom darmos. Entregarmos a nossa energia, sem a perdermos, àquela pessoa que se entrega a nós. Aos nossos cuidados. Fazê-la sentir bem, aos poucos, à medida que a massagem decorre. Sentirmos o seu crescente bem-estar e que isso está nas nossas mãos. No toque, nunca interrompido, na pressão, na concentração, na aplicação das pedras, quentes e frias, e no bailado que fazem, e mais uma vez no gosto que pômos ao fazer aquilo que gostamos. A minha mãe bem avisou que se tornaria um vício. =P

Nos últimos três dias, treinei na Anita que muito se aborreceu de levar massagens =) Vida chata, esta...
O exame correu bem! E agora já posso andar à pedrada... =S
Foi mais uma etapa concluída, embora vá ter a sua continuação =), que de certa forma me faz pensar na próxima. E a sensação que ainda não aprendemos tudo... que nunca é um ciclo que se fecha. E é essa a beleza da aprendizagem, do crescimento. Só a ignorância é infinita.

À noite, no recanto dos meus pensamentos, dos meus sonhos, das minhas distracções e abstracções, do meu mundo, do meu quarto, das minhas danças escondidas, da minha voz que timidamente canta de forma desafinadamente segura... quando não te esperava mais do que no meu intímo, como espero sempre... apareceste para me dizer que era melhor ir deitar pois os princípes não surgem àquela hora. E enquanto tento retomar a respiração, penso para comigo se de facto apareceste... ou não foste mais do que uma imagem na minha cabeça, enquanto ela se ausenta e se confunde com um coração que pula, com um estômago povoado de borboletas... com todas estas sensações que ultrapassam a fronteira do meu corpo... Quando penso o que seria prudente, penso também que de nada me vale a prudência, quando já caminho de olhos vendados. Decido escrever-te cartas de uma só página nesta mesma noite... em que me apetece contar a todos como voam as joaninhas quando se põem a sonhar...

Other Side Of The World

KT Tunstall

Over the sea and far away
She's waiting like an iceberg
Waiting to change
But she's cold inside
She wants to be like the water

All the muscles tighten in her face
Buries her soul in one embrace
They're one and the same
Just like water

The fire fades away
Most of everyday
Is full of tired excuses
But it's too hard to say
I wish it were simple
But we give up easily
You're close enough to see that
You're the other side of the world to me

On comes the panic light
Holding on with fingers and feelings alike
But the time has come
To move along

The fire fades away
Most of everyday
Is full of tired excuses
But it's too hard to say
I wish it were simple
But we give up easily
You're close enough to see that
You're the other side of the world

Can you help me
Can you let me go
And can you still love me
When you can't see me anymore

And the fire fades away
Most of everyday
Is full of tired excuses
But it's too hard to say
I wish it were simple
But we give up easily
You're close enough to see that
You're the other side of the world

Oh, the other side of the world
You're the other side of the world to me

... I wish it were simple... to me!

terça-feira, abril 25, 2006

Datas

DATA 1:
Hoje é dia da liberdade... Ou pelo menos já foi.
Dia em que se celebram 32 anos da Revolução de Abril. Uma revolução que hoje, a meu ver, não foi quase falada. É certo que todos os anos se repete, e não quero parecer o Velho do Restelo... mas há datas a assinalar e não de forma saudosista mas didáctica, construtiva, celebrativa. Pelos nossos pais e avós, por aquilo que uma revolução sem derramamento de sangue pode significar, por tudo aquilo que se conquistou na altura e que nenhum jovem hoje deve ter noção... mas deveria! Espantaram-me as primeiras páginas dos jornais... um "cravito" tímido no canto a lembrar a data, ou nem isso...

TROVA DO VENTO QUE PASSA

Pergunto ao vento que passa

Notícias do meu país

O vento cala a desgraça

O vento nada me diz.

Mas há sempre uma candeia

Dentro da própria desgraça

Há sempre alguém que semeia

Canções no vento que passa.

Mesmo na noite mais triste

Em tempo de servidão

Há sempre alguém que resiste

Há sempre alguém que diz não.

(Manuel Alegre)

DATA 2:
Hoje o Guilherme fez anos =)
2!
No dia em que, há dois anos atrás, deu o seu grito de liberdade ;) pude mimá-lo, beijá-lo, abraçá-lo e ouvir as suas gargalhadas. Esforço-me... e não encontro sorriso e olhar que mais rapidamente me cativem... quem lhe terá ensinado essa arte? Donde virá tanto charme? ;)
PARABÉNS , GUI! A tia dos sobrinhos mais lindos do mundo gosta muito de ti =) Gosta assssssssssssssssssssssssssssssssssssssssim!
MUITO!

DATA 3:
Não sei se por coincidência, mas senti que hoje iniciei um processo de revolução. Sem lágrimas, nem sangue. Com flores que substituem as armas do orgulho e do desencantamento. Hoje comecei o processo de libertação, abstracção. Hoje, começo a re(en)caminhar pelo caminho da serenidade, do encontro.

Hoje é dia de Liberdade!

E como todos sabemos... a nossa liberdade acaba, onde começa a do outro. Portanto... nada de invadirem ;) pessoas, sentimentos, espaços interiores, o Tu, o Ele, e mesmo o Nós... porque implica sempre outro que não só o Eu...

Bem... é agora que me liberto ;)

segunda-feira, abril 24, 2006

"Dá-me una moneda..." =P

Há dias muito trabalhadeiros... mas é nas rotinas e nos "afazeres profissionais" =P que às vezes surgem as gargalhadas mais libertadoras. É bom quando há cumplicidade, brincadeira, sorrisos, post-its mariquinhas =P, mensagens fora d'horas...
Também são boas aquelas coincidências estranhas... à Twight Light Zone. Tipo, quando se buscam euros gregos e se encontram logo. Ao mesmo tempo que nos deparamos com pessoas também elas da mesma nacionalidade! =P Wuooouuuu...
Amanhã o Gui faz anos.. bem como a nossa liberdade... mas alguém se lembrará?
=S






[A título de curiosidade, a moeda de um euro representa um dracma do século V a.C, é assim uma moeda na moeda ;) A moeda de dois euros representa o rapto da Europa por Zeus sob a forma de touro.]

sábado, abril 22, 2006

Orange Tie
Hoje fui ver Subsequências. Fui com o meu pai que não conhecia o Grande Auditório da Culturgest. Seria uma forma diferente de festejar o seu aniversário =)
Tivémos ambos a mesma opinião do concerto: tocou mas não emocionou...
A seguir fomos para o belo do prego e canilhas =) Mêmo bom! =)

Comprovei este ano que tenho gosto na compra de gravatas. Há muito tempo que não oferecia uma gravata ao meu pai, e este ano lá foi. Gosto de comprar gravatas. Arrisquei na minha cor preferida... e digo "arrisquei" mas só porque era arriscado (com riscas, portanto =P).

O meu pai gostou muito, eu fiquei toda contente!

Parabéns, Pai! Gostei muito de ir contigo =)
Pudera "este" ser também um presente...
Sabias que a tua filha é uma laranjinha?

quinta-feira, abril 20, 2006

O último filme que fui ver foi o novo de Roberto Benigni: O Tigre e a Neve.
Não tão bom como A Vida é Bela... Se calhar não é justo compararmos, mas acontece quando vemos repetidos alguns "números" de uma personagem cuja distracção participa tanto para o charme... Deixou-me muito bem disposta =) E valeu principalmente por três cenas divinais: a aula do professor, hilariante!, o quase flagrante na sua própria casa, e a história que ele conta às filhas, sobre o episódio em que descobre que quer ser poeta. Achei lindo... ao contar uma novidade à mãe, não captou dela o verdadeiro interesse pela história, Logo se responsabilizou por isso, se não conseguia "mover" (no sentido latino de "movere", "comovere") a sua mãe, era porque não estaria a contar com o entusiasmo que a cena merecia... Começou a pensar que devia haver os especialistas de palavras =) E assim decidiu dedicar-se a ser poeta.

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito
Por elmo, as manhãs de oiro e cetim…
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente…
É seres alma e sangue e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

(Florbela Espanca)

[Achei muito bonitas algumas mensagens de esperança, amor e persistência. Foi uma bela forma de acabar o fim de semana na neve =) Em que o Ti-gre também esteve.
Será a Teoria da Conspiração? =S LOL
Parabéns, Peter Nuno Pan!! ]

terça-feira, abril 18, 2006

Carta

Miguel,
...foi quando cheguei a casa que me apercebi. Dia 15, fez sete anos que nos conhecemos. Lembro-me tão bem desse dia, desse momento, da sua preparação. Lembro-me de ter feito um bolo de iogurte (que pouco tocaste por não poderes abusar dos doces... que pontaria a minha...) onde colei joaninhas de madeira a treparem por ele, e no exterior da caixa. Levava também flores brancas. Tinha a excitação do primeiro encontro, mas com demasiada ousadia para quem te não conhecia ainda. Ouvi tanto falar de ti. Tinha na minha cabeça duas preocupações que ainda hoje me habitam... principalmente contigo. Poderia a minha voz irritar-te de alguma forma, ou ser-te-ia agradável, meiga, prazerosa? Conseguiria eu descrever-me para ti? Conseguiria transmitir-te boas sensações? Conseguiria descrever-te de forma bonita e fiel aquilo que eu via e vivia? Lembro-me tão bem =) Recebeste-me sempre tão bem e logo me cativaste. Lembro-me de te ter trazido de férias uma daquelas palhinhas torcidas com o boneco do Hércules, para te dizer que para mim eras e és uma pessoa de grande força. E foi essa força que encontrei hoje, no nosso reencontro =)

Hoje, e ao fim de algum tempo sem nos vermos, tive a sensação de que me vês muito bonita. Gostei tanto desta tarde. O tempo voou e esse é um bom indicador de uma tarde bem passada. Falámos tanto de sonhos, de medos, de recordações, rimos um do outro e senti-te mais perto. Disseste-me para eu lutar. E eu vou lutar! Vou lutar pois acredito que "o conhecimento humanista produz ideias. As ideias produzem sonhos. Os sonhos transformam a sociedade..." (Augusto Cury, A Saga de um Pensador).

E se o meu sonho for o sonho de mais gente... =) Vamos sonhar juntos? =)

És a prova de que o Amor pode muito. O Amor gera Amor e eu achei-te em Paz, Amigo! Sim, Amigo! Sei que és meu amigo e que me estimas. Soube-o hoje, mais do que qualquer outra vez, e agradeço a Deus por isso. Quando penso em como te conheci, não me interessa mais nada... o que se passou, ou não, de mais atribulado. Penso só que tinha de chegar até ti. E cheguei. Agora quero chegar sempre e enquanto te for querida =) Levar-te-ei os raios de sol que for conseguindo transportar dentro de mim, a chuva fria que se agarrará aos meus cabelos para te poder molhar quando te for a cumprimentar, o meu sorriso que sabes que é sincero só de o sentires junto a ti, dentro de ti, as flores que for encontrando no caminho até ti, o cheiro dos livros que tanto gostamos os dois de comprovar =), a VIDA que se respira por aí...

Nunca te disse isto antes, mas foi na consequência do que te aconteceu que após uma revolta, a minha fé saiu reforçada (também por outro grande anjo responsável, o Paulo B. que conheci melhor neste turbilhão). E eu nem te conhecia ainda... Foi um Verão revolucionário na minha vida, em que me estava ainda a preparar para o Crisma. Foi nessa altura que mais pedi contas a Deus e que logo percebi o Seu Amor e os seus caminhos. Felizes os que andam seus caminhos, Miguel. E feliz termo-nos encontrado no mesmo caminho =)
Foi na adversidade que O reencontrei onde não o tinha procurado... dentro de mim =)

Nesta altura vi também um filme que me tocou (Cidade dos Anjos) e com toda esta misturada de sentimentos e revoluções interiores...

«Sinto medo
só de pensar que o possuo;
A esse medo,
em não poder mais contemplar,
em não poder mais lembrar...
Tenho medo!...
Que a memória me traia;
que a memória não me valha!

E de que vale ela afinal,
senão lembrar algo especial
que nos traz então saudade?

Essa... saudade cruel,
que não me prendas ao passado,
mas que reflictas no futuro...
Lembrar palavras, lembrar momentos,
lembrar sorrisos, lágrimas, sentimentos...
Saudade que nos deixa ferida,
que nos esquece da vida.

Não sejas algo que me faça sofrer;
Não sejas algo que não quero;
Não sejas sinónimo de desespero!
Sê lembrada com Amor...
Amor no que tiveste;
Amor no que viveste...
Não desesperes!

Olha para as estrelas,
Pergunta ao mar,
Contempla o sol...
Devagar... com carinho,
diz-lhe feliz,
diz-lhe baixinho,
quando ele se puser:
"-Vi-te uma vez na vida,
bem posso eu morrer
...

Não é bom, não é mau, é o que é =) Mas foi e continua a ser importante para os meus momentos mais descrentes... é nisto que está a beleza deste reencontro sempre constante e presente, é nisto que está o compromisso de um novo encontro =)
Beijinho...


PS->Também gosto muito do teu humor =) É um sinal de inteligência =)

Medo é falta de confiança em Deus...

[Inês!!! Parabéns, querida! Chato, chato é passarmos o dia de anos no Brasíu! **
Hoje fazem também anos a Ana e o meu primo Pedro =) Parabéns!]

domingo, abril 16, 2006

Feliz Páscoa

"Mulher, eis o teu filho!"
"Eis a tua mãe!"

E aqui fui eu, no Domingo de Páscoa, visitar os meus avós. Fui de comboio. Gosto imenso de viajar de comboio. Talvez por ser uma viagem curta, mas sabe-me bem. É óptimo para pensar, para estar comigo mesma, para olhar pela janela, para rezar, para ver as papoilas e os malmequeres, para pensar no filme da noite anterior, para se ser poeta, para rabiscar um caderno, para escrever palavras e sentimentos soltos, para olhar pela janela, para ver e ouvir um pouco de um documentário, para nos encontrarmos com Deus, para Lhe pedirmos satisfações =P, para descobrir o Seu mistério, para voltar a olhar pela janela, para sorrir e agradecer ao senhor que passa com as bebidas, para desejar Feliz Páscoa ao revisor, para ler cinco linhas do livro que pensávamos que íamos acabar, para voltar a olhar a janela e pensar que é pena estarmos a chegar...
Não, não é pena. A 20 Km dali estavam os meus avós que tanto gosto de abraçar, no caso da minha avó, e ser "esmagada" no caso do meu avô =) =) Foi uma visita curtíssima, pois regressei com o meu pai. Penso até que não ficaram muito satisfeitos, pois julgo ter ouvido qualquer coisa como "visita de médico"... mas achei que sim =) Valeu a pena reencontrar a Avó Amália e o avô José. E todos os primos, tios e tias, claro =)

Ele vive em nós...

[Parabéns Luís =)]

sábado, abril 15, 2006

BRANCA NA NEVE

A "branquelas" foi à neve...

Este fim-de-semana fomos à neve. E há neve? Não... mas a festa connosco não fica estragada, desperdiçada, adiada... Foi um fim-de-semana tão desejado e programado. E foi bom. Estar com tão bons amigos e companheiros de viagem =) Aqui ficam algumas das fotos que passaram pela experimentação da pista de esqui e de toda a área envolvente, no meu caso. Sim, porque o que eu fiz foi inspeccionar o espaço, ver os sítios onde não havia neve... ver os locais de melhor queda (e que melhor forma do que passar pela experiência?), enfim... salvaguardar o bem-estar...
OK, eu páro com as desculpas... mais uma coisa para a qual não tenho jeito... BUÁÁÁÁÁÁ...
Foi uma escapadinha bem agradável que terminou numa ida ao cinema a Lisboa, desta vez só o Tó, o Tiago e eu. Tipo... "ah e tal, já que são 18h e estamos em Seia... e se fôssemos ao cinema a Lisboa?" =P
O nosso chalé (Nº13) era lindo, acolhedor, mesmo casinha de bonecas =) A alvorada com o simpático casal numa luta de almofadas, os cházinhos e biscoitos de canela, os casacos encharcados, os pijamas vestidos às 18h da tarde de sexta =P, os passeios, as tentativas para ressuscitar as geribérias que o Tó deu à Sónia e a mim, a salamandra que não se acendeu (e nós preocupados se os 15 kg de lenha chegariam =P), as fotos...
Visitámos o museu do Pão em Seia (de que tanto ouvira falar! e que é fantástico, embora a Sónia se fosse passando com a guia por utilizar uns termos tão "gugu dádá", mas eram simpáticos). O caminho desde Covilhã até Manteigas é muito bonito, o Covão d'Ametade (é de sonho!), o poço do Inferno (com sugestões de outros nomes =P)... enfim... ar puro, viagem boa, amigos lindos!!
Ficam aqui prometidas mais fotos bonitas, algumas com alguma história por contar, né Tiago ;)?

A título de curiosodade, na sexta fila de fotos, a segunda foto, tirada no museu do pão, mostra os 122 idiomas em que a palavra "pão" está escrito, desde ao latim e grego, ao tchecheno "Daa", uma língua, que não me lembro se era a checa, que se diz "kruh", e até em braile vimos. Aprendemos também a dizer em língua gestual "pão", "pão com manteiga" e "pão com fiambre". O Tó ainda fez furor ao gritar de entre o grupo de visitantes que um dos padroeiros dos padeiros era D.Isabel (o outro acho que era S. Roque =S). Aprendemos ainda que "padeiro aprendiz leva farinha no nariz".

Gostei muito muito muito! Só ainda não sei se tive mais medo de me magoar a esquiar ou dos bonecos infantis (!?!?!?!) do Museu do Pão, que eram assustadores... macabros, mesmo!
Mais fotos virão...

quinta-feira, abril 13, 2006

Neste minuto que chega...

Para marcar o post 100 (um mero pretexto) nada melhor do que a sensibilidade de uma amiga, aqui, exposta numa tela.
Foi com surpresa que recebi um presente de um anjo-artista, ou artista-anjo.
Como se lembrara de ver uma parede do meu quarto ainda por preencher, a Andreia deu-me (!!!) um dos meus quadros favoritos. E veio em tão boa altura. Com a mensagem, a forma e o tamanho exacto. E as cores, a pauta, as pinceladas...

"Este minuto
que chega até
mim através de
todos os milhões
de minutos
decorridos não há
nada melhor do que
ele, nem ontem, nem hoje"

Obrigada Dri... Sensibilizaste-me bastante! Adoro este quadro e as mãos que o pintaram, a mente que o idealizou, os olhos que o aperfeiçoaram, o sorriso que o viu nascer e completar a cada nova pincelada, a cada novo gesto, a cada novo arriscar, a cada novo traço...
Dás cor à minha vida!

quarta-feira, abril 12, 2006

Elogio à Primavera

«Verde acetinado, perfume de Violetas,
Turbilhão de Cotovias, chilrear de Melros,
Chuva de Verão, respira-se a Tília!
Quando eu canto tais palavras,
São precisos mais elogios,
Para te exaltar, Dia de Primavera?»
(Ludwig Unland)

segunda-feira, abril 10, 2006

CoNChaNAtA

Pode ser daqueles episódios que não diz respeito a mais ninguém... que não interessa de tão comum que foi...
Conheci a fantástica "nata" da Conchanata. Finalmente sei do que falam. E delirei com as mentiras esfarrapadas que me tentaram pregar para me levar lá sem que eu desconfiasse. Não quero ser desmancha-prazeres, mas soube mal vos vi, aos dois no carro =)
São uns tontos...
Ti e Tó: foi bom ver-vos rir e a fazer disparates outra vez. E falar com a Maria "caliente"...
Um final de tarde a convidar o Verão, as esplanadas, os passeios, as taças de gelado, uma tarde que me aqueceu bastante =)
Gelados e amigos... hum... tentem melhor =P

sábado, abril 08, 2006

Sol no Parque

Foi uma magnífica tarde de sol, de passeio, de preparação para o fim de semana, de gelados, de caminhada, de amigos, de recordações, de gargalhadas forçadas =P, de pensamentos e introspecções... foi uma tarde junto ao rio, a acompanhá-lo, foi a contemplação...
Foi uma tarde em que mais uma vez agradeço esta luz de Luzboa =)

"Vira a cara para o SOL e deixa as sombras lá para trás..." (Jan Goldstein)

Foi uma noite de rever sobrinhos =), de cinema animado...
Um fim de semana simples, mas bom. A fazer entrar a última semana que antecede a Páscoa.

quinta-feira, abril 06, 2006

"Orgia" de palavras

Mundo exterior, mundo interior, mundo entre quatro paredes de um quarto, onde toda a intimidade é explorada... será isto a intimidade?
Achei uma peça perturbadora e algo pesada, seja pelos diálogos (longos e emaranhados), seja pela duração (quase duas horas!), seja pelo tema (violência de palavras, conversas em torno de sexo sadomasoquista, um jogo de gato e rato, vilão e vítima, predador e presa). Não foi uma peça com que me identificasse, nem com os diálogos, nem com o tema, nem com aquilo que me perturbou. Porque há o perturbar e o perturbar de forma violenta, inesperada e absurda. Senti-me incomodada, e não vi naquela peça algo que me acrescentasse... simplesmente fui. Se calhar cometo uma heresia... e não conheço Pasolini... fui mal preparada, bem sei, e se calhar não comecei pelo melhor... foi como alguém que não gosta de beber álcool, começar logo com um trago de whisky... ou então não.

[Tiago, não há muito que pensar. Pelo menos não coisas muito bonitas... Valeu pela companhia =)
Parabéns Susaninha! =)]

quarta-feira, abril 05, 2006

Aeroporto

"Whenever I get gloomy with the state of the world, I think about the arrivals gate at Heathrow Airport. General opinion's starting to make out that we live in a world of hatred and greed, but I don't see that. It seems to me that love is everywhere. Often it's not particularly dignified or newsworthy, but it's always there - fathers and sons, mothers and daughters, husbands and wives, boyfriends, girlfriends, old friends. When the planes hit the Twin Towers, as far as I know none of the phone calls from the people on board were messages of hate or revenge - they were all messages of love. If you look for it, I've got a sneaky feeling you'll find that love actually is all around. "
(from Love Actually)

Hoje fui despedir-me da Maria ao aeroporto. Não cheguei a tempo...
Uma correria desenfreada que não valeu mais do que um telefonema de despedida e de desejo de boa viagem. Foi, no entanto, uma altura em que matei saudades de um dos meus sítios preferidos: o aeroporto.
Aquela burburinho e excitação de quem está prestes a viajar, como de quem está prestes a abraçar quem regressa. É de facto neste sítio que se encontra o amor =) E só o amor é o que nos faz ver as coisas normais de uma forma extraordinária!
Um sítio mágico que há oito meses atrás eu conheci com a perspectiva de quem parte, mas, também saboreei mais uma vez a alegria de ver chegar alguém. Deu-me vontade, em lugar da Maria que já tinha passado as portas que separam os que vão dos que ficam, de abraçar todos com quem me cruzava e desejar-lhes boa viagem. Seja de trabalho ou de lazer.
Sorrir juntamente com os sorrisos que se trocam na partida, bem como as lágrimas de comoção à chegada. Sentir que ali abraçamos os amigos, as famílias e todos aqueles que sentem o regresso a casa como uma recordação que ainda vai ser vivida...
É de facto o aeroporto um local mágico onde a ansiedade e amor individual se transformam em todo o calor humano e numa excitação colectiva. Parecemos tão pequenos diante de tanta gente, diante de tanto que se passa para que tudo corra bem, diante de tantas luzes, de tectos tão altos, diante de tão grande emoção. É um ruído de fundo que não me irrita, é antes música para os meus ouvidos... "Love doesn't make the world go round, Love is what makes the ride worthwhile. "
Não vi a Maria, mas partilhei com ela todo o entusiasmo.

Acho que devia ir mais vezes ao aeroporto... só para ver chegar e ver partir tanta gente. Para sentir o amor da partida e o amor do reencontro... porque "ele" está mesmo por aí e actually happens...

"Love me without fear
Trust me without questioning
Need me without demanding
Want me without restrictions
Accept me without change
Desire me without inhibitions
For a love so free.... Will never fly away" - Dick Sutphen


LOVE IS NOT A MATTER OF COUNTING THE YEARS... BUT MAKING THE YEARS COUNT...

[Muito amor a voar por aí =) Muitos reencontros, muitos sorrisos...]

sábado, abril 01, 2006

«We'll always have Paris...»

... ai ai! (suspiro!)
Finalmente vi!!
CASABLANCA! Esse mito...

Já há muito tempo que ansiava ver esse clássico de Amor (ou direi amor-clássico?). Devo dizer-vos que não foi totalmente como esperava. Primeiro esperava ver uma versão a preto e branco e vi uma versão a cores; depois achava que tinha mais romance, e afinal revela-se uma história com alguma tramóia e II Guerra =P
Mas, por outro lado, foi um filme que me marcou pela quantidade de "quotes" significativas. =) Surpreenderam-me muitas falas, ditas com a voz rouca de Humphrey, ou doce e sensual de Ingrid, com a mesma música por trás durante todo o filme (apenas variava o estilo, fosse suspense, romance, intriga, perigo, sempre a mesma melodia!). Melodia pedida pela bela "heroína", que aqui até se chama Ilsa, e depois pelo próprio Rick ("se ela aguentou, eu também aguento!!"):
"Play it once, Sam, for old time's sake." ..."Play it, Sam... Play 'As Time Goes By'"

Uma história de amor mal resolvida ("Richard, I cannot go with you or ever see you again. You must not ask why. Just believe that I love you. Go my darling, and God bless you.--Ilsa"- já vi bilhetes mais simpáticos!) cujo destino acaba por forçar a sua resolução.
A história de um amor entre um homem aparentemente frio "My dear Ricky, I suspect that under that cynical shell, you're at heart a sentimentalist.", que depois do desgosto amoroso ("Kiss me. Kiss me as if it were the last time."- e não é que ia ser mesmo??) se orgulha em dizer que "I stick my neck out for nobody", e uma mulher misteriosa cujo passado explicaria muita coisa:
Rick: "Who are you really? And what were you before? What did you do and what did you think? Huh?"
Ilsa: "We said 'no questions'.".

Contudo, o reencontro traz uma nova esperança para a união ( "She's coming back. I know she's coming back.") de forma a acabar o que tinham começado "But it's still a story without an ending. What about now?".
Achei fantástico o ar de durão de Bogart, bem como os beijos tão intensos, e no entanto tão "old fashion", os gestos, as roupas, a época, o drama: "I wish I didn't love you so much" - Ilsa.

Temos também alguns momentos de humor e tensão ("Go ahead and shoot. You'll be doing me a favor" -Rick), de lealdade e de amizade: "Louis, I think this is the beginning of a beautiful friendship." -Rick.

Para relembrar (e nalguns casos até ouvir!) estas e outras falas--> http://www.reelclassics.com/Movies/Casablanca/casablanca4.htm

A música que nos acompanha ao longo de todo o filme é linda e aparece-nos pela voz do pianista do Rick's, o Sam, numa versão de Louis Armstrong. Relembra-nos que o tempo não apaga as memórias, que a vida não anula os acontecimentos, os beijos e os suspiros, que as canções de amor e os luares sempre existirão, e que o mundo sempre estará preparado e dará as boas-vindas aos amantes. E que tudo será como tem de ser, quando tem de ser, à medida que o tempo vai passando...

As time goes by
«This day and age we're living in
Gives cause for apprehension
With speed and new invention
And things like fourth dimension.

Yet we get a trifle weary
With Mr. Einstein's theory.
So we must get down to earth at times
Relax relieve the tension

And no matter what the progress
Or what may yet be proved
The simple facts of life are such
They cannot be removed.

You must remember this
A kiss is just a kiss, a sigh is just a sigh.
The fundamental things apply
As time goes by.

And when two lovers woo
They still say, "I love you."
On that you can rely
No matter what the future brings
As time goes by.

Moonlight and love songs
Never out of date.
Hearts full of passion
Jealousy and hate.
Woman needs man
And man must have his mate
That no one can deny.

It's still the same old story
A fight for love and glory

A case of do or die.
The world will always welcome lovers
As time goes by.

Oh yes, the world will always welcome lovers
As time goes by. »


Mas neste filme, houve uma frase que me tocou especialmente, por pensar muitas vezes que as coisas existem para nós quando pensamos nelas, quando as assumimos, quando as verbalizamos... ficam mais perto da realidade. Bem como as decisões na vida... aquilo que ficou por esclarecer em nós, acaba por se cobrar a ela mesma, acaba por nos vir bater à porta. E aí, seja qual for o desfecho, interessa associar os momentos, as vivências, os sentimentos, a locais, a horas e a dias.
Todos temos aquele lugar especial onde um dia se foi feliz. Esse local pode ser sempre (re)visitado, seja um espaço físico, seja um espaço psicológico. Porque é importante cada um de nós ter a "sua Paris" para poder regressar, e encontrar-se, e sentir-se bem com as memórias que "essa Paris" lhe traz.
Na música do recente J.Blunt, "But we shared a moment that will last 'till the end", podemos reflectir que, na verdade, basta ter existido e existir em nós esse momento, para toda a vida, para que "Paris" passe a fazer sentido. E outra vez. E outra vez...

(na despedida...)
Ilsa: What about us?













Rick: We'll always have Paris. We didn't have it, we'd lost it until you came to Casablanca. We got it back last night.
(Ai se soubessem onde Paris fica para mim!...LOL)

[Obrigada Mari, pelo jantar e pelo fantástico bolo de maracujá que... UPS =P "já foi".
Pelo teu leitor de VHS (que até levanta vôo!! =P), por mais este serão de cinema, pelo chá e cookies =) **
Num dia em que se falou de mentiras (desta vez não caí em nenhuma!! Ou será que caí e não sei?? =S), adormecer-se após cinco minutos do início do filme é que parecia mentira!!! grgrgr...]