terça-feira, setembro 30, 2008

Escreverei

Escreverei.
Pelo exercício de escrita.
Pelo exercício físico, mental, emocional.
Pelo pedido simples que foi.
Pelo confuso.
Pelo inesperado.
Pelo sorriso.
Pelo bem-bom.
Pelo meu bem.
Pelo seu bem.
Pelo sim e pelo não.
Pelo que acho que sei.
Pelo que tenho a certeza até deixar de a ter.
Pelo resultado.
Pelo processo.
Pelo início.
Pelo fim.

(meninas, não ficaram com vontade de ir à esteticista? É porque leram mal a preposição!!! Ai ai!)

terça-feira, setembro 23, 2008

MALMEQUER (mais Mariza)


Mal me quer a solidão
Bem me quer a tempestade
Mal me quer a ilusão
Bem me quer a liberdade
Mal me quer a voz vazia
Bem me quer o corpo quente
Mal me quer a alma fria
Bem me quer o sol nascente
Mal me quer a casa escura
Bem me quer o céu aberto
Bem me quer o mar incerto
Mal me quer a terra impura
Mal me quer a solidão
Entre o fogo e a madrugada
Mal me quer ou bem me quer
Muito, pouco, tudo ou nada...

domingo, setembro 21, 2008

Salmonete ou o sabor a fénico

Já alguém comeu peixe com suspeita de sabor a fénico?
Pois, designa-se aquele peixe que, por estar em águas paradas, adquire um sabor estranho... a fénico. Não há muito a dizer. É isto. Não consigo explicar melhor. Estou incapaz de explicar. Ou seja, tenho a sensação que só quem sabe do que falo percebe a explicação. E portanto, pouco ajudei para os outros.

Posso dar uma de cocó e dizer que vem de phaînein, do grego "brilhar", e diz-se de um ácido extraído do alcatrão, também conhecido por fenol ou álcool fénico. Mas é isto, das águas paradas...

Serve para justificar que estou nessa fase. Em águas paradas e com sabor estranho. Sou um salmonete com esse sabor a fénico...

Mas esta reflexão só tem razão de ser porque quero fazer uma chalaça e um trocadilho entre o sabor fénico e aquilo que quero alcançar... e que dará novo nome ao blog... assim eu espero.

sábado, setembro 20, 2008


O passado não é o que está feito,
mas o que palavra alguma fará de novo.
por isso leio sempre no futuro, mas não sei
para que lado do tempo escrevo.
E se soubesse
que arrasto as letras como um caranguejo
diria que só tenho esta mão de palavras.
Soletro os dias em cada coisa que me olha
quando me sinto a vê-la. É tudo.
E não há desculpas para o que faço.


Rosa Alice Branco.

sexta-feira, setembro 19, 2008

"Ando na berma

Tropeço na confusão"



"Procuro não gritar
A quem perguntam minto"

(Mariza... vários excertos)

quinta-feira, setembro 18, 2008

Meu Fa(r)do meu

Foi com o tempo. E com a educação do ouvido, a percepção da identidade.
Fado.
Gosto de Fado. Mais até dos cantores mais recentes (exclusão para Carlos do Carmo, cuja dicção me foi alertada. Soberbo :)).
Gosto de Mariza e não são novidade as suas qualidades.
Há tantas expressões que gosto e fixo e me marcam... De tantos fados que oiço com gosto e sinto e sofro. Sofrimento bom de cantar, emoção contida, há um dos fados de que mais gosto. Por ser simples. Simples como isto. Existe até uma versão para o filme "Fados" de Carlos Saura em que é cantado em duo com um cigano, Miguel Poveda, tão expressiva quanto emocionante.
Esta que transcrevo é a original de Mariza.
Foi este som que me acompanhou no passeio com o meu pai (antes da apoteose a cantar Deolinda =P).
E mal cheguei a este fado que já tantas vezes ouvi, anotei isto que vos descrevo... afinal, estou farta que as ideias me passem e foi para isto que o caderno laranja me foi oferecido, me acompanha e me "pesa" de forma boa na mala.
Vinha a pensar que às vezes faço da minha vida este fardo pesado. E acho que é um fado. E isto é muito cómico para quem me olha, e até para mim. E enquanto não devido se é fardo ou fado o que quero viver, vou vivendo estas palavras com o sofrimento de que quem carregar este fado como um fardo, ou este fardo como um fado. E isto só e tão magistralmente descreve o meu estado de espírito agora. Quando perceber ou decidir (porque não sei ainda se o que sentimos é decidido, assumido e comprometido por nós), talvez possa distinguir qual é o fado que decidi por mim (que incongruência esta de achar que sou eu que decido o que me está fadado). Ou então continuo com as fadas e fadinhas a fazer-me vítima de um fardo que gosto de carregar.

"Trago um fado no meu canto
Canto a noite até ser dia
Do meu povo trago pranto
No meu canto a Mouraria

Tenho saudades de mim
Do meu amor, mais amado
Eu canto um país sem fim
O mar, a terra, o meu fado
Meu fado, meu fado, meu fado, meu fado

De mim só me falto eu
Senhora da minha vida
Do sonho, digo que é meu
E dou por mim já nascida

Trago um fado no meu canto
Na minh'alma vem guardado
Vem por dentro do meu espanto
A procura do meu fado
Meu fado, meu fado, meu fado, meu fado"


Com isto me pergunto aquilo que Mariza sabe responder:
Serei fadista ou o próprio fado?

Entretanto tive uma conversa com hummm... isso... rimos de um belo fa(r)do. Terei eu poder de decisão ou segundo... han... chega com uma bela noite de sono? :)
Han-han ;)

quarta-feira, setembro 17, 2008

"... entre o sim e o todavia

Este amor desgovernado..."



"Quem dorme à noite comigo
É meu segredo,
Mas se insistirem, lhes digo,
O medo mora comigo,
Mas só o medo, mas só o medo.
E cedo porque me embala
Num vai-vem de solidão,
É com silêncio que fala,
Com voz de móvel que estala
E nos perturba a razão.
Gritar: quem pode salvar-me
Do que está dentro de mim..."

(Mariza... vários excertos)

segunda-feira, setembro 15, 2008

Exotismo de expressão

Hoje fui passear com o pai.
A voltinha saloia pelo Oeste. Muitas horas de carro a ouvir fado e a notícia do dia.
Passávamos pelo luxo de tantas moradias e casarões que mais pareciam palacetes. Deste lado o engrandecimento, muitas vezes de uma forma superficial e falsa, do outro lado a pobreza cada vez maior e a sucessiva facilidade em concederem certos desejos momentâneos que serão pagos a um preço demasiado elevado.
Íamos ouvindo as análises que incentivavam à poupança, e depois a voz de todos quantos assistiam e quiseram participar no programa da Antena 1.
É muito bom ouvir as pessoas na rádio. É de rir e de concordar, é de não perceber e comentar por cima. Comentava-se a falência do banco Lehman Brothers, a sua causa e suas consequências. E isto estava ligado com aquilo que tanto eu como o meu pai observávamos. São os tempos e os ciclos e as previsões e as ignorâncias...

Ao mesmo tempo, o nosso ministro dos negócios estrangeiros, Luís Amado, em mais uma lição de diplomacia, comenta a forma como Hugo Chavéz se expressou relativamente à tensão na América Latina. Disse que o presidente Venezuelano era uma figura com algum "exotismo de expressão".
De rir...

Grande dia de sol e de quente que esteve hoje.
Terminámos o dia a comer um belo gelado no sítio em que mais comi gelados na minha infância com o meu pai: Fonte Nova. É místico :)

Podia dizer que foi um dia do... nahhh... não quero que me chamem exótica :D

domingo, setembro 14, 2008

Com o que sou

"se"...
Esta palavrinha é muito perigosa.
Pode-nos encher a vida de condicionais e levar a adiar tudo
ou a desistir...


Mas só há uma maneira de viver: com o que sou,
aqui e agora.

O resto é tentação...

Vasco Pinto Magalhães (sabiamente cedido por Sóni: tnks ;))

sábado, setembro 13, 2008

Quando Me Sinto Só
(Mariza)


Quando me sinto só,
Como tu me deixaste,
Mais só que um vagabundo
Num banco de jardim
É quando tenho dó,
De mim e por contraste
Eu tenho ódio ao mundo
Que nos separa assim.

Quando me sinto só
Sabe-me a boca a fado
Lamento de quem chora
A sua triste mágoa
Rastejando no pó
Meu coração cansado
Lembra uma velha nora
Morrendo à sede de água.

P'ra que não façam pouco
Procuro não gritar
A quem pergunta minto
Não quero que tenham dó
Num egoísmo louco
Eu chego a desejar
Que sintas o que sinto
Quando me sinto só.

quinta-feira, setembro 11, 2008

Peter: Forget them, Wendy. Forget them all. Come with me where you'll never, never have to worry about grown up things again.

Wendy: Never is an awfully long time.

quarta-feira, setembro 10, 2008

Cantigas de amigo

Ó amigo... tão longe e hoje salvaste-me. Ou penso que me salvaste. Ou queria que me tivesses salvo.
Palavras que só tu.

terça-feira, setembro 09, 2008

Irresponsabilidade

Hoje apeteceu-me escrever. Apetecem-me muitas vezes, mas hoje a fúria faz-me agir. Tenho de começar a agir por Amor, por Alegria e não por fúria. Fúria num sentido não de raiva ou algo altamente negativo. Só qb.

Há características muito destrutivas e que me irritam profundamente. Gosto de defeitos. E tenho consciência que consigo gostar muito de pessoas com defeitos.
Mas há dois... Irritam-me tão profundamente que vão ao encontro do meu Ideal que espelhei no nome que inicialmente dei a este blog. Nome que na altura achei de grande responsabilidade. E agora cai-me em cima. Cai-me em cima, como se tivesse chamado a um filho de Bosta Azul ou Coxo Apêndice e achar que ia ficar impune, que na escola nunca o iam gozar... por isso é de responsabilidade a atribuição de um nome.

Mas estava eu a falar dos defeitos que me irritam: a Irresponsabilidade pelo que se cativa e a Auto-vitimização.

Até aqui, nada de espantoso.

Até que percebo que eu sou assim. E todo este post vem provar isto mesmo. Vem assinar isto. Não escrevo posts bonitos sempre, e agora quase nunca.
Está assumido! Auto-vitimização no seu máximo esplendor.

Aplausos, por favor!

Sou irresponsável por aquilo que cativo. E ainda me acho vítima... é muito para que uma pessoa como eu possa suportar.
E como sou irresponsável por aquilo que cativo, ao menos coerente tenho de ser. Não posso apregoar uma bonita verdade, se não a cumpro.
Porque como alguém me disse (e não era preciso dizê-lo, mas como tenho desaprendido algumas coisas, nunca se sabe), "a coerência é aquilo que faz as pessoas mais bonitas. Dá solidez à vida, torna-nos grandes pessoas. Velhotes com histórias bonitas para contar".
E se pequei pelo resto, nisto escapo-me e sou coerente. É por isso que a partir de hoje o meu blog deixa de se chamar algo que invoque a responsabilidade pelo outro e pelos nossos actos. Por coerência.

Por coerência.