Foi com o tempo. E com a educação do ouvido, a percepção da identidade.
Fado.
Gosto de Fado. Mais até dos cantores mais recentes (exclusão para Carlos do Carmo, cuja dicção me foi alertada. Soberbo :)).
Gosto de Mariza e não são novidade as suas qualidades.
Há tantas expressões que gosto e fixo e me marcam... De tantos fados que oiço com gosto e sinto e sofro. Sofrimento bom de cantar, emoção contida, há um dos fados de que mais gosto. Por ser simples. Simples como isto. Existe até uma versão para o filme "Fados" de Carlos Saura em que é cantado em duo com um cigano, Miguel Poveda, tão expressiva quanto emocionante.
Esta que transcrevo é a original de Mariza.
Foi este som que me acompanhou no passeio com o meu pai (antes da apoteose a cantar Deolinda =P).
E mal cheguei a este fado que já tantas vezes ouvi, anotei isto que vos descrevo... afinal, estou farta que as ideias me passem e foi para isto que o caderno laranja me foi oferecido, me acompanha e me "pesa" de forma boa na mala.
Vinha a pensar que às vezes faço da minha vida este fardo pesado. E acho que é um fado. E isto é muito cómico para quem me olha, e até para mim. E enquanto não devido se é fardo ou fado o que quero viver, vou vivendo estas palavras com o sofrimento de que quem carregar este fado como um fardo, ou este fardo como um fado. E isto só e tão magistralmente descreve o meu estado de espírito agora. Quando perceber ou decidir (porque não sei ainda se o que sentimos é decidido, assumido e comprometido por nós), talvez possa distinguir qual é o fado que decidi por mim (que incongruência esta de achar que sou eu que decido o que me está fadado). Ou então continuo com as fadas e fadinhas a fazer-me vítima de um fardo que gosto de carregar.
"Trago um fado no meu canto
Canto a noite até ser dia
Do meu povo trago pranto
No meu canto a Mouraria
Tenho saudades de mim
Do meu amor, mais amado
Eu canto um país sem fim
O mar, a terra, o meu fado
Meu fado, meu fado, meu fado, meu fado
De mim só me falto eu
Senhora da minha vida
Do sonho, digo que é meu
E dou por mim já nascida
Trago um fado no meu canto
Na minh'alma vem guardado
Vem por dentro do meu espanto
A procura do meu fado
Meu fado, meu fado, meu fado, meu fado"
Com isto me pergunto aquilo que Mariza sabe responder:
Serei fadista ou o próprio fado?
Entretanto tive uma conversa com hummm... isso... rimos de um belo fa(r)do. Terei eu poder de decisão ou segundo... han... chega com uma bela noite de sono? :)
Han-han ;)
tu gostas é do MEU fado!!
ResponderEliminarDa tua Severa preferida...para que não digam que não vejo os blogs e tal...
beijos!=)