segunda-feira, setembro 27, 2010

Prometo pirosada...

... todos os dias 27 :)



 "Feels like, I'm standing in a timeless dream
Of light mists, of pale amber rose
Feels like, I'm lost in a deep cloud of heavenly scent
Touching, discovering you

Those days, of warm rains come rushing back to me
Miles of windless, summer night air
Secret moments, shared in the heat of the afternoon
Out of the stillness, soft spoken words

I love you, always forever
Near and far, closer together
Everywhere, I will be with you
Everyday, I will devour you
I love you, always forever
Near and far, closer together
Everywhere, I will be with you
Everyday, I will devour you

You've got, the most unbelievable
blue eyes I've ever seen
You've got, me almost melt away
As we lay there, under a blue sky
with pure white stars
Exotic sweetness, a magical time

Say you'll love, love me forever
Never stop, not for whatever
Near and far and always and
everywhere and everything

Say you'll love, love me forever
Never stop, not for whatever
Near and far and always and
everywhere and everything

Say you'll love, love me forever
Never stop, not for whatever
Near and far and always and
everywhere and everything"


Ahahahaha... serve para provar que a música acabou nos anos 80... não acreditam em mim :)

domingo, setembro 26, 2010

"Mas o que é isto...

de não controlarmos o que sentimos? Haverá estado mais fatigante do que o amor desencontrado? É como ter a certeza de onde se quer chegar, caminhar no encalço desse destino, mas não saber a direcção certa, andar, andar.
Sentir os pés mordidos pelo cansaço, reconhecer ruas onde já passámos repetidamente, num labirinto confuso,
Apenas com a esperança da surpresa de que esse outro alguém percorra as mesmas ruas, sentindo os mesmos receios e desejos.
E por desencontros da atracção, continuam sem se o cruzar.
Até que um dia nos sentemos no mesmo banco da praça...
Rudolfo."
(A casa-comboio, Raquel Ochoa)

Já fui Rudolfo. É uma lembrança que não gosto muito de lembrar excepto pelo simples facto de me encontrar aqui.

"O tempo que se perde..." (perdeu) "na discussão teórica dos problemas"

sábado, setembro 25, 2010

"Life is life"

um "clássico" na esperança, boa onda e descomplicação (numa voz nova, para mim).
a vida é tanto do que nós nem desconfiamos e está às vezes tão longe do que nós pensamos e procuramos incessantemente.
vagamente.

Life is Life - versão Mikkel Solnado (original Opus)


Life
Life is life

Liiiiiiiife
When we all give the power
We all give the best
Every minute of an hour
Don't think about the rest
And you all get the power
You all get the best
When everyone gets everything
And every song everybody sings


And it's life
Life is life
Life is life when we all feel the power
Life is life come on, stand up and dance
Life is life when the feeling of the people
Life is life is the feeling of the band
When we all give the power
We all give the best
Every minute of an hour
Don't think about the rest
Then you all get the power
You all get the best
When everyone gives everything
And every song everybody sings

And it's life
Life is life

And you call when it's over
You call it should last
Every minute of the future
Is a memory of the past
Cause we all gave the power
We all gave the best
And everyone gave everything
And every song everybody sang

Life is life

quarta-feira, setembro 22, 2010

O que há

"O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas
Essas e o que falta nelas eternamente
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,

Um supremíssimo cansaço,
Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço..."


Álvaro de Campos

Já comentei como adoro o nome Álvaro?

terça-feira, setembro 21, 2010

"Three Little Birds"

Sabem aquela do mais vale um pássaro na mão...?
Resta saber o que é o passáro e os dois que voam.

Eu entretanto vou voando por terras longínquas. Às vezes ia jurar que toco as nuvens. Serão nuvens ou só prenúncio de tempestade?

Não antecipar... every little thing gonna be all right.

domingo, setembro 19, 2010

sexta-feira, setembro 17, 2010

They just started to fly...

Já recebi a primeira carta... e já comecei a enviar também...
Adoro the old fashion way... it's so refreshing new =)

quarta-feira, setembro 15, 2010

Ando a tentar ler...

... para ver se consigo voltar a escrever!

"... sentiu a vontade irrefreável de beijar alguém, um descontrolo imprevisível, em forma de ondas de calor que se aprisionavam nos maxilares e o faziam beber chá em quantidades improváveis. Mas a sede de amor não se apazigua com infusões"

(Raquel Ochoa, A casa-comboio)

segunda-feira, setembro 06, 2010

This message is for you!

Já lá vai um mês que viajam comigo.
Obrigada! É muito mais fácil quando, mesmo longe, nos sentimos amados.
Carrego-vos, sem peso nenhum, nesta grande empresa! Por todas as ruas e vielas, porque todos os caminhos me vão dar a vocês.

sábado, setembro 04, 2010

MEC a provar que escrever bem faz ponto de vista

Nunca aqui referi esta festa e tão pouco revela a minha cor ou inclinação partidária. Mas por estar bem escrito, por estar assertivo embora extenso, e por achar que às vezes os preconceitos que criamos, (em tudo, sobre todas as coisas), têm muitos significados, e para muita gente. Tornam comum tantos valores e ideiais para lá das ideologias, para cá da fácil chacota. Criam pontes de contacto com tanta gente diferente, aproximam o nosso semelhante. A festa ocorre todos os anos e participei há uns anos num dos dias. Curiosamente, no mesmo ano em que esta crónica foi escrita. É sempre no primeiro fim-de-semana de Setembro, se não me falha a memória.

É extenso, mas vale a pena!

Festa do Avante por Miguel Esteves Cardoso
“Dizem-se muitas mentiras acerca da Festa do Avante! Estas são as mais populares: que é irrelevante; que é um anacronismo; que é decadente; que é um grande negócio disfarçado de festa; que já perdeu o conteúdo político; que hoje é só comes e bebes.Já é a Segunda vez que lá vou e posso garantir que não é nada dessas coisas e que não só é escusado como perigoso fingir que é. Porque a verdade verdadinha é que a Festa do Avante faz um bocadinho de medo.O que se segue não é tanto uma crónica sobre essa festa como a reportagem de um preconceito acerca dela - um preconceito gigantesco que envolve a grande maioria dos portugueses. Ou pelo menos a mim.

Porque é que a Festa do Avante faz medo?

 É muita gente; muita alegria; muita convicção; muito propósito comum. Pode não ser de bom-tom dizê-lo, mas o choque inicial é sempre o mesmo: chiça!, Afinal os comunistas são mais que as mães. E bem dispostos. Porquê tão bem dispostos? O que é que eles sabem que eu ainda não sei?É sempre desconfortável estar rodeado por pessoas com ideias contrárias às nossas. Mas quando a multidão é gigante e a ideia é contrária é só uma só – então, muito francamente, é aterrador.Até por uma questão de respeito, o Partido Comunista Português merece que se tenha medo dele. Tratá-lo como uma relíquia engraçada do século XX é uma desconsideração e um perigo. Mal por mal, mais vale acreditar que comem criancinhas ao pequeno-almoço.BEM SEI QUE A condescendência é uma arma e que fica bem elogiar os comunistas como fiéis aos princípios e tocantemente inamovíveis, coitadinhos.É esta a maneira mais fácil de fingir que não existem e de esperar, com toda a estupidez, que, se os ignoramos, acabarão por se ir embora.

As festas do Avante, por muito que custe aos anticomunistas reconhecê-lo, são magníficas.É espantoso ver o que se alcança com um bocadinho de colaboração. Não só no sentido verdadeiro, de trabalhar com os outros, como no nobre, que é trabalhar de graça.A condescendência leva-nos a alvitrar que “assim também eu” e que as festas dos outros partidos também seriam boas caso estivessem um ano inteiro a prepará-las. Está bem, está: nem assim iam lá. Porque não basta trabalhar: também é preciso querer mudar o mundo. E querer só por si, não chega. É preciso ter a certeza que se vai mudá-lo.Em vez de usar, para explicar tudo, o velho chavão da “ capacidade de organização” do velho PCP, temos é que perguntar porque é que se dão ao trabalho de se organizarem.Porque os comunistas não se limitam a acreditar que a história lhes dará razão: acreditam que são a razão da própria história. É por isso que não podem parar; que aguentam todas as derrotas e todos os revezes; que são dotados de uma avassaladora e paradoxalmente energética paciência; porque acreditam que são a última barreira entre a civilização e a selvajaria. E talvez sejam. Basta completar a frase "Se não fossem os comunistas, hoje não haveria..." e compreende-se que, para eles, são muitas as conquistas meramente "burguesas " que lhe devemos, como o direito à greve e à liberdade de expressão.É por isso que não se sentem “derrotados”. O desaparecimento da URSS, por exemplo, pode ter sido chato mas, na amplitude do panorama marxista-leninista, foi apenas um contratempo. Mas não é só por isso que a Festa do Avante faz medo. Também porque é convincente. Os comunas não só sabem divertir-se como são mestres, como nunca vi, do à-vontade. Todos fazem o que lhes apetece, sem complexos nem receios de qualquer espécie. Até o show off é mínimo e saudável.Toda a gente se trata da mesma maneira, sem falsas distâncias nem proximidades. Ninguém procura controlar, convencer ou impressionar ninguém. As palavras são ditas conforme saem e as discussões são espontâneas e animadas. É muito refrescante esta honestidade. É bom (mas raro) uma pessoa sentir-se à vontade em público. Na Festa do Avante é automático.Dava-nos jeito que se vestissem todos da mesma maneira e dissessem e fizessem as mesmas coisas - paciência. Dava-nos jeito que estivessem eufóricos; tragicamente iluminados pela inevitabilidade do comunismo - mas não estão. Estão é fartos do capitalismo - e um bocadinho zangados.Não há psicologias de multidões para ninguém: são mais que muitos, mas cada um está na sua. Isto é muito importante. Ninguém ali está a ser levado ou foi trazido ou está só por estar. Nada é forçado. Não há chamarizes nem compulsões. Vale tudo até o aborrecimento. Ou seja: é o contrário do que se pensa quando se pensa num comício ou numa festa obrigatória. Muito menos comunista.Sabe bem passear no meio de tanta rebeldia. Sabe bem ficar confuso. Todos os portugueses haviam de ir de cinco em cinco anos a uma Festa do Avante, só para enxotar estereótipos e baralhar ideias. Convinha-nos pensar que as comunas eram um rebanho mas a parecença é mais com um jardim zoológico inteiro. Ali uma zebra; em frente um leão e um flamingo; aqui ao lado uma manada de guardas a dormir na relva.QUANDO SE CHEGA à Festa o que mais impressiona é a falta de paranóia. Ninguém está ansioso, a começar pelos seguranças que nos deixam passar só com um sorriso, sem nos vasculhar as malas ou apalpar as ancas. Em matéria de livre de trânsito, é como voltar aos anos 60.Só essa ausência de suspeita vale o preço do bilhete. Nos tempos que correm, vale ouro. Há milhares de pessoas a entrar e a sair mas não há bichas. A circulação é perfeitamente sanguínea. É muito bom quando não desconfiamos de nós.Mesmo assim tenho de confessar, como reaccionário que sou, que me passou pela cabeça que a razão de tanta preocupação talvez fosse a probabilidade de todos os potenciais bombistas já estarem lá dentro, nos pavilhões internacionais, a beber copos uns com os outros e a divertirem-se.A Festa do Avante é sempre maior do que se pensa. Está muito bem arrumada ao ponto de permitir deambulações e descobertas alegres. Ao admirar a grandiosidade das avenidas e dos quarteirões de restaurantes, representando o país inteiro e os PALOP, é difícil não pensar numa versão democrática da Exposição do Mundo Português, expurgada de pompa e de artifício. E de salazarismo, claro.Assim se chega a outro preconceito conveniente. Dava-nos jeito que a festa do PCP fosse partidária, sectária e ideologicamente estrangeirada. Na verdade, não podia ser mais portuguesa e saudavelmente nacionalista.O desaparecimento da União Soviética foi, deste ponto de vista, particularmente infeliz por ter eliminado a potência cujas ordens eram cegamente obedecidas pelo PCP.Sem a orientação e o financiamento de Moscovo, o PCP deveria ter também fenecido e finado. Mas não: ei-lo. Grande chatice.Quer se queira quer não (eu não queria), sente-se na Festa do Avante! Que está ali uma reserva ecológica de Portugal. Se por acaso falharem os modelos vigentes, poderemos ir buscar as sementes e os enxertos para começar tudo o que é Portugal outra vez.A teimosia comunista é culturalmente valiosa porque é a nossa própria cultura que é teimosa. A diferença às modas e às tendências dos comunistas não é uma atitude: é um dos resultados daquela persistência dos nossos hábitos. Não é uma defesa ideológica: é uma prática que reforça e eterniza só por ser praticada. (Fiquemos por aqui que já estou a escrever à comunista).A Exposição do Mundo português era “para inglês ver”, mas a Festa do Avante! Em muitos aspectos importantes, parece mesmo inglesa. Para mais, inglesa no sentido irreal. As bichas, direitinhas e céleres, não podiam ser menos portuguesas. Nem tão-pouco a maneira como cada pessoa limpa a mesa antes de se levantar, deixando-a impecável.As brigadas de limpeza por sua vez, estão sempre a passar, recolhendo e substituindo os sacos do lixo. Para uma festa daquele tamanho, com tanta gente a divertir-se, a sujidade é quase nenhuma. É maravilhoso ver o resultado de tanto civismo individual e de tanta competência administrativa. Raios os partam.Se a Festa do Avante dá uma pequena ideia de como seria Portugal se mandassem os comunistas, confessemos que não seria nada mau. A coisa está tão bem organizada que não se vê. Passa-se o mesmo com os seguranças - atentos mas invisíveis e deslizantes, sem interromper nem intimidar uma mosca.O preconceito anticomunista dá-os como disciplinados e regimentados – se calhar, estamos a confundi-los com a Mocidade portuguesa. Não são nada disso. A Festa funciona para que eles não tenham de funcionar. Ao contrário de tantos festivais apolíticos, não há pressa; a ansiedade da diversão; o cumprimento de rotinas obrigatórias; a preocupação com a aparência. Há até, sem se sentir ameaçado por tudo o que se passa à volta, um saudável tédio, de piquenique depois de uma barrigada, à espera da ocupação do sono.Quando se fala na capacidade de “mobilização” do PCP pretende-se criar a impressão de que os militantes são autómatos que acorrem a cada toque de sineta. Como falsa noção, é até das mais tranquilizadoras. Para os partidos menos mobilizadores, diante do fiasco das suas festas, consola pensar que os comunistas foram submetidos a uma lavagem ao cérebro.Nem vale a pena indagar acerca da marca do champô.Enquanto os outros partidos puxam dos bolsos para oferecer concertos de borla, a que assistem apenas familiares e transeuntes, a Festa do avante enche-se de entusiásticos pagadores de bilhetes.E porquê? Porque é a festa de todos eles. Eles não só querem lá estar como gostam de lá estar. Não há a distinção entre “nós” dirigentes e “eles” militantes, que impera nos outros partidos. Há um tu-cá-tu-lá quase de festa de finalistas.É UM ALÍVIO A FALTA de entusiasmo fabricado – e, num sentido geral de esforço. Não há consensos propostos ou unanimidades às quais aderir. Uns queixam-se de que já não é o que era e que dantes era melhor; outros que nunca foi tão bom.É claro que nada disto será novidade para quem lá vai. Parece óbvio. Mas para quem gosta de dar uma sacudidela aos preconceitos anticomunista é um exercício de higiene mental.Por muito que custe dize-lo, o preconceito - base, dos mais ligeiros snobismos e sectarismos ao mais feroz racismo, anda sempre à volta da noção de que “eles não são como nós”. É muito conveniente esta separação. Ma é tão ténue que basta uma pequena aproximação para perceber, de repente, que “afinal eles são como nós”Uma vez passada a tristeza pelo desaparecimento da justificação da nossa superioridade (e a vergonha por ter sido tão simples), sente-se de novo respeito pela cabeça de cada um.Espero que não se ofendam os sportinguistas e comunistas quando eu disser que estar na Festa do Avante! Foi como assistir à festa de rua quando o Sporting ganhou o campeonato. Até aí eu tinha a ideia, como sábio benfiquista, que os sportinguistas eram uma minúscula agremiação de queques em que um dos requisitos fundamentais era não gostar muito de futebol.Quando vi as multidões de sportinguistas a festejar – de todas as classes, cores e qualidades de camisolas -, fiquei tão espantado que ainda levei uns minutos a ficar profundamente deprimido.POR OUTRO LADO, quando se vê que os comunistas não fazem o favor de corresponder à conveniência instantaneamente arrumável das nossas expectativas – nem o PCP é o IKEA -, a primeira reacção é de canseira. Como quem diz:”Que chatice – não só não são iguais ao que eu pensava como são todos diferentes. Vou ter de avaliá-los um a um. Estou tramado. Nunca mais saiu daqui.”Nem tão pouco há a consolação ilusória do pick and choose....É uma sólida tradição dizer que temos de aprender com os comunistas... Infelizmente é impossível. Ser-se comunista é uma coisa inteira e não se pode estar a partir aos bocados. A força dos comunistas não é o sonho nem a saudade: é o dia-a dia; é o trabalho; é o ir fazendo; e resistindo, nas festas como nas lutas.Hás uma frase do Jerónimo de Sousa no comício de encerramento que diz tudo. A propósito de Cuba (que não está a atravessar um período particularmente feliz), diz que “resistir já é vencer”.É verdade – sobretudo se dermos a devida importância ao “já”. Aquele “já” é o contrário da pressa, mas é também “agora”.Na Festa do Avante! Não se vêem comunistas desiludidos ou frustrados. Nem tão pouco delirantemente esperançosos. A verdade é que se sente a consciência de que as coisas, por muito más que estejam, poderiam estar piores. Se não fossem os comunistas: eles.Há um contentamento que é próprio dos resistentes. Dos que existem apesar de a maioria os considerar ultrapassados, anacrónicos, extintos. Há um prazer na teimosia; em ser como se é. Para mais, a embirração dos comunistas, comparada com as dos outros partidos, é clássica e imbatível: a pobreza. De Portugal e de metade do mundo, num Portugal e num mundo onde uns poucos têm muito mais do que alguma vez poderiam precisar.NA FESTA DO AVANTE! Sente-se a satisfação de chatear. O PCP chateia. Os sindicatos chateiam. A dimensão e o êxito da Festa chateiam. Põem em causa as desculpas correntes da apatia. Do ensimesmamento online, do relativismo ou niilismo ideológico. Chatear é uma forma especialmente eficaz de resistir. Pode ser miudinho – mas, sendo constante, faz a diferença.Resistir é já vencer. A Festa do Avante é uma vitória anualmente renovada e ampliada dessa resistência. ... Verdade se diga, já não é sem dificuldade que resisto. Quando se despe um preconceito, o que é que se veste em vez dele? Resta-me apenas a independência de espírito para exprimir a única reacção inteligente a mais uma Festa do Avante: dar os parabéns a quem a fez e mais outros a quem lá esteve. Isto é, no caso pouco provável de não serem as mesmíssimas pessoas.

Parabéns! E, para mais, pouquíssimo contrariado.”

 
em SÁBADO de 13 de Setembro de 2007

quarta-feira, setembro 01, 2010

"Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo."
José Saramago.

Pelos que têm paciência.
Pelos que esperam (um mês já foi).
Pelos que não têm nada a perder.
Pelos que não esperam para dizer o quanto amam.
Pelos que não desperdiçam a oportunidade.
Pelos que não têm pressa de usar palavras.
Pelos que as usam sem medo e sem esperar nada em troca.
Pelos que perdem tempo.
Pelos que não o perdem de maneira nenhuma.
Pelo tempo que confiamos ainda termos.
Pelos que não atropelam ninguém
                                                (nem se atropelam)
                                                                      em busca de sabe-se lá o quê.

E pelos que não têm paciência, nem esperam, nem dizem, nem usam, nem confiam.
Mas nunca pelos que atropelam. Pelos que desperdiçam.

(a José Saramago, escritor que trouxe para a Índia mas que ainda não toquei: nisto não tenho pressa.)