sexta-feira, julho 23, 2010

Vera Mantero com Palhaçadas sérias do Zé


                                 "Vamos sentir falta de tudo aquilo que não precisamos..."


É o nome da Obra que fui ver muito a medo. Apenas porque nunca tinha percebido esta coreógrafa/bailarina. Ao ponto de olhar com ar de gozo, para quem me desafiou, pois achei que nunca iríamos perceber. Como se a Arte fosse como tudo o resto que tentamos entender...

O que é certo é que muita gente saiu a maldizer o preço que pagou, outros em êxtase como em todas as obras dela que elogiam. E eu, finalmente, entendi que a Arte depende mais de mim do que do autor. Do meu estado de espírito, da minha abertura.

Naquele dia, com a nossa conversa sobre a Vida
(qual menina vistosa em aldeia invejosa da sua juventude e beleza e sociabilidade com o género masculino),
mais falada não há, sobre o não haver mal em não sabermos o passo a seguir, em não querermos a vida igual à dos outros, em conquista de nós mesmos
(longe eu de saber que ia mesmo decidir pelo passo que vou tomar)

Sei que a mim "Vamos sentir falta de tudo aquilo que não precisamos..." fez-me todo o sentido pelo desprendimento, pelo esvaziar das nossas cabeças, dos nossos pré-conceitos, para me aperceber que perdemos muito tempo com o menos importante, que não deixamos a cabeça ocupar-se do que é essencial e necessário, que tantas vezes vivemos adormecidos em sociedade, o que automaticamente anula o sentido de viver em sociedade...

O espectáculo, longo em desespero e repetição, punha seis pessoas em palco, uma de cada vez, a levar cabeças de manequim e a tirar de lá de dentro,
espalhando num chão cada vez mais caótico e colorido e confuso e familiar
tudo aquilo do qual as cabeças se ocupavam: carros, cartões, rebuçados, molas, bolas...
Não teve praticamente palavras, apenas uma música brasileira (e que infelizmente não consegui identificar...) lá para o final. Uma mensagem final de esperança, de não entrar em desespero, de não andar a correr quando o destino é "lado nenhum".


Foi em Junho, mês das cerejas e das conversas infindáveis e inconcluídas... sete anos depois.
Abraço palhaço, Palhaço!

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