Palavras tantas descuidei. Por não as usar, por as usar mal, por (as) usarem por mim.
Hoje sento-me aqui, invariavelmente sem imaginação, com tantas palavras que quero despejar para acompanhar todos os dias, os dias-sim, dias-não, porque me faz chegar mais perto de mim, porque me distancia de mim,porque me confunde e esclarece, porque quero acreditar que despejando a confusão para fora ela não se mantém cá dentro!
Ah, vã ilusão!...
"O que difere algo deliberado de algo circunstancial, é que este é um pleonasmo. Pois tudo é uma circunstância, mesmo o que se sente. (eu diria, principalmente o que se sente, JV) São as condições da possibilidade (as possibilidades perigosas de que nos tornamos dependentes), o algo conjuntural e o seu algo voluntário (a conjuntura que tornámos voluntária, o tornarmo-nos voluntários da própria conjuntura), que tornam o possível em existente. E é esta a liberdade que possuímos, irredutivelmente, que nos faz pensar que temos uma riqueza concreta e individual (e que aliada a essa riqueza que tem de ser liberta, concreta individual, pasme-se! tem de ser ainda responsável, eticamente aceite, muito satisfatória, de luta constante) que podemos mudar as coisas e que o ir sendo não deve perder-se na trituração do quotidiano (oh, mas que medo me assola a este respeito. Sabe-lo bem! A mediania, o ir-indo. E depois o querer ser simples nesta complicada normalidade). Mas antes com instantes-limite, por pequenos fenómenos da vida alheios à normalidade (a busca que sufoca, por vezes...) A responsabilidade de sermos livres traz a angústia da decisão, porém é ela que nos fosforece para a cognoscibilidade de que existimos (e é esse o meu consolo e o meu suspiro último, o descanso do guerreiro e derradeiro optimismo). A cada instante, decidimos. A cada instante, vivemos. Tudo é circunstância e tudo nesse "tudo" é transformável. Se o mundo é absurdo, a única ordem é a nossa liberdade ("é preciso muito caos interior para parir uma estrela que dança" Nietzche) e, com ela, a existência despojada de culpas circunstanciais (falta-me este último fragmento. Interiorizá-lo, pois então!), pois:"Só por distracção ou imbecilidade ou por crime se não vê ou não deixa ver que ao mesmo homem impende a tarefa ingente e grandiosa de se restabelecer em harmonia ao mundo, para que em harmonia a sua vida lucidamente se realize desde o nascer até ao morrer" Virgílio Ferreira, dedicado a ele e à vida." in Triângulo Vertiginoso, by JCV
Obrigada por me teres dado a (re)conhecer esse autor tão deprimente como se tornam todos aqueles que o acham, como se torna aos meus olhos todo aquele que não o compreende (ai, a minha malícia :))
Já foi em Out 2006: assustadoramente :*
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