quinta-feira, abril 17, 2008

Corrente de ar

"O Valor do Vento" - Ruy Belo

Está hoje um dia de vento e eu gosto do vento
O vento tem entrado nos meus versos de todas as maneiras e
só entram nos meus versos as coisas de que gosto
O vento das árvores o vento dos cabelos
o vento do inverno e o vento do verão
O vento é o melhor veículo que conheço
Só ele traz o perfume das flores só ele traz
a música que jaz à beira-mar em agosto
Mas aó hoje soube o verdadeiro valor do vento
O vento actualmente vale oitenta escudos
Partiu-se o vidro grande da janela do meu quarto

Mais um poema de Ruy Belo que descobri recentemente, e de que me lembrei nestes dias estranha e desfasadamente ventosos. A lembrar a forma simples e descomplicada com que olhamos o mundo que nos rodeia. Este vento sentido que nos revolve os cabelos, os pensamentos, os braços das árvores (que não envolvem o abraço da gente que as abraça) e as páginas da história que vamos escrevendo.

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