quarta-feira, novembro 12, 2008

dEsCoNsTrUiR sOnHoS

Para que eu tropece um dia nas minhas próprias palavras e possa também fazer-lhes justiça.


"Proponho-te um outro verbo: DESCONSTRUIR.
Porque os sonhos não se destroem! Nunca.Seria desumano e impossível.
Os sonhos desconstroem-se para que os percebamos e para que olhemos para dentro deles. A questão é essa! Habituamos-nos a olhar para "o meu sonho", e vê-lo como uma divisa, um poster, uma marca e... uma limitação. E não é isso que queremos!
Desconstrói, pois então! E principalmente, quando chegares ao teu próprio sonho, à sua origem e essência... arrisca-te a ser! Sê o teu próprio sonho!
Verás que acaba por não custar. Porque como tão bem sabes e vives... é muito bom viver! E aquilo a que chamas custar faz parte!
Claro que para isto é preciso coragem, ânimo (anima, em latim, que quer dizer alma ;)) e desprendimento.
Diz-me agora, amigo meu (que ainda tão pouco conheço mas sei!), faltar-te-á algumas destras três forças?
Beijo!"


Para o André. Para mim.

terça-feira, novembro 11, 2008

S. Martinho

Seria mesquinha...?
Seria mázinha...?
Seria picuinhas...?
Seria má-língua...?
Seria abusada...?
Seria injusta...?
Seria conspirativa...?
Seria tonta...?
Seria intransigente...?
Seria infeliz...?
Seria indelicada...?
Seria mentirosa...?
Seria impaciente...?

[Serei perseguida...?]


... se dissesse que quase apostava (e este quase é meramente inútil :)), que nos papelotes de castanhas, existe uma com bicho, numa proporção de 1/6?

Até parece que os imagino todos contentes a pôr em montes separados e a escolherem uma do monte e o resto das boas... =P
Mas não deixei de as comer... e juro que, pela primeira vez, as ouvi estalar!

É como dizem... :)
Que bom o cheiro, o som, as cores e o sabor de Outono!

segunda-feira, novembro 03, 2008

Estória de Amor (uma entre tantas)

Um mimo enviado por uma amiga que apenas acrescentou ao texto "Joaninha, achei a tua cara!" ou "achei que eras tu" :) e não é que achei... ou pelo menos pensei: queria ter escrito isto!
Acompanhem a história amorosa... se forem capazes!

Redacção feita por uma aluna de Letras, que obteve a vitória num concurso interno promovido pelo professor da cadeira de Gramática Portuguesa. Há trinta anos atrás!

"Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador.
Um substantivo masculino, com aspecto plural e alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. O artigo, era bem definido, feminino, singular. Ela era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingénua, silábica, um pouco átona, um pouco ao contrário dele, que era um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanático por leituras e filmes ortográficos.
O substantivo até gostou daquela situação; os dois, sozinhos, naquele lugar sem ninguém a ver nem ouvir. E sem perder a oportunidade, começou a insinuar-se, a perguntar, conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado e permitiu-lhe esse pequeno índice.
De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro.
Óptimo, pensou o substantivo; mais um bom motivo para provocar alguns sinónimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeçou a movimentar-se. Só que em vez de descer, sobe e pára exactamente no andar do substantivo.
Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela no seu aposento.
Ligou o fonema e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, suave e relaxante. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela.
Ficaram a conversar, sentados num vocativo, quando ele recomeçou a insinuar-se. Ela foi deixando, ele foi usando o seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo.
Todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo directo.
Começaram a aproximar-se, ela tremendo de vocabulário e ele sentindo o seu ditongo crescente. Abraçaram-se, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples, passaria entre os dois.
Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula.
Ele não perdeu o ritmo e sugeriu-lhe que ela lhe soletrasse no seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, pois estava totalmente oxítona às vontades dele e foram para o comum de dois géneros.
Ela, totalmente voz passiva. Ele, completamente voz activa. Entre beijos, carícias, parónimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais.
Ficaram uns minutos nessa próclise e ele, com todo o seu predicativo do objecto, tomava a iniciativa. Estavam assim, na posição de primeira e segunda pessoas do singular.
Ela era um perfeito agente da passiva; ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular.
Nisto a porta abriu-se repentinamente.
Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo e entrou logo a dar conjunções e adjectivos aos dois, os quais se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas.
Mas, ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tónica, ou melhor, subtónica, o verbo auxiliar logo diminuiu os seus advérbios e declarou a sua vontade de se tornar particípio na história. Os dois olharam-se; e viram que isso era preferível, a uma metáfora por todo o edifício.
Que loucura, meu Deus!
Aquilo não era nem comparativo. Era um superlativo absoluto. Foi-se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado aos seus objectos. Foi-se chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo e propondo claramente uma mesóclise-a-trois.
Só que, as condições eram estas:
Enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria no gerúndio do substantivo e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.
O substantivo, vendo que poderia transformar-se num artigo indefinido depois dessa situação e pensando no seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história. Agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, atirou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva."
Fernanda Braga da Cruz


Estarrecida, Margarida! :) Obrigada!

sábado, novembro 01, 2008

"Enquanto não tomarem consciência não se revoltarão, e enquanto não se revoltarem não tomarão consciência."

("Diário de Winston", 1984, George Orwell)