sexta-feira, março 28, 2008

Eu só e a minha tarde

Enquanto a inspiração não vem,
enquanto sou eu e as minhas tardes,
enquanto não escrevo tudo o que consigo reunir nos pensamentos de um dia, hora, minuto,
enquanto não ordeno pensares desordenados,
enquanto não brinco com as palavras, conceitos,
enquanto estas pequenas poesias me invadem e encaixam e revolvem,
enquanto a inspiração vem ou precisa de ser acordada do seu sono belo e fingido de quem não repara que precisa de ser trabalhada e chamada à honestidade,
e não é
enquanto não escrevo tudo o que vem, porque não se deve, não se pode, não se vá transformar,

fico eu só e as minhas noites,

em que altero horas de dias e dias de horas e calendarizo os meus sentimentos... como se isso pudesse controlar... porque apenas isso pudesse, mas nem isso.

Aparece um belo de Ruy Belo...

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A minha tarde, de Ruy Belo
Disponho do vento disponho do sol disponho da árvore
arranjo pássaros arranjo crianças
tenho mesmo à minha disposição o mar
talvez com tudo isto possa formar uma tarde
uma tarde azul e calma onde me possa refugiar
Mas e as ideias as doutrinas e os problemas?
Se nem resolvi ainda o problema da unha do dedo mínimo
como pretender ter resolvido o mínimo problema?
E as ideias que só servem para dividir?
As ideias têm úmeros inúmeros
e é
difícil caminhar no meio da multidão
Podia dizer (mas não me deixa descansado): Sou novo.

Tenho por isso a razão pelo meu lado
Deixai os pássaros cantar as crianças brincar
o tempo não urge o coração não arde
Quem sou eu?
Eu só e a minha tarde
As
crianças com as suas vozes brancas
riscam alegremente o céu azul
passam as aves em seu voo rasante
desde sá de miranda até jorge de sena

E o tempo passa assim. Sou eu e o passado
Era novo. Não tenho a razão pelo meu lado.

terça-feira, março 25, 2008

" - O que pensas que é a vida?
- A vida é como um fio: se o apertas demais quebra-se, se o largas ele solta-se sem direcção nem sentido. É isso a vida: a medida exacta do coração."

(Ibidem)

domingo, março 23, 2008

HOMEM NOVO! Páscoa feliz!!

Descanso.
Porque o Sol me pedirá braços.
Canso.
Porque a noite será meu regaço.
Escrevo.
Porque a lua se faz no meu
traço
E não me deixa descansar.
Descanso do cansaço
No regaço que o traço tem.
E lanço-me no compasso,
Traço laço da lua mãe.

(João Filipe Aguiar, O Traço da Semente)


Parabéns, primo! Adorei as nossas brincadeiras e risadas, gargalhadas que provocámos nos circundantes. A coincidência da data pascal vivida em família com o teu 20ºaniversário. Gosto das brincadeiras e lutas que temos :)***

sexta-feira, março 21, 2008

Um homem é o seu próprio sonho...

Deve ter havido uma altura em que ele olhou o vento que agitava as areias, lá para os lados da Galileia, e perguntou a si próprio onde estaria a resposta certa. Dormia nessa derradeira noite, e sombras furtivas agitavam-se por entre as oliveiras nocturnas, enquanto ele lembrava antigas leituras, outras certezas, outros rumos para fazer o Caminho. Sonhava, é certo, mas não podem os sonhos fazer parte, também, dos nosso anseios e das respostas às perguntas que fazemos? Sonhava, ou seria ele parte de um outro sonho alheio?
De qualquer modo, os sonhos fornecem o privilégio de nos levar aos lugares da memória e dos instantes. Os mais improváveis e os mais distantes. Atravessam-nos com rascunhos do passado e do futuro, e omitem o presente, pois o presente não existe.
Está a suar. O medo e angústia têm destas coisas. E sente-se igualmente magoado de dúvidas: será o homem de amanhã diferente e melhor que o de hoje? Valerá a pena aquela dor e esta angústia? Mas pode um homem voltar atrás, arrepender-se do caminho já percorrido? Não tem um homem direito a reinvindicar-se perante o próprio tempo? A redimir-se? A salvar-se das circunstâncias que se impõe à sua própria vida?
No interior do sonho, acorda. Senta-se na cama assustado. Abre os olhos e, aos poucos, a luz do luar permite-lhe olhar para a rua. Para os contornos das casas, para as sombras das paredes e dos telhados. Não havia vento; somente um leve e quase mudo rumorejar nas folhas das oliveiras. Dirige-se para a porta de casa como se uma força irresistível o chamasse, como se alguém lá fora dissesse o seu nome. Abriu a porta... Nada... Apenas silêncio.
A noite estava calma. Serena, mesmo. Aproxima-se de um monte de oliveiras, onde a lua espalha as sombras das oliveiras e dos seus ramos, como se de braços se tratassem. Mais perto, agora, percebe uma silhueta em posição sentada, em silencioso sossego, como se respirasse apenas o próprio ar. Olham-se em tranquila quietude. Quase não precisam de falar, pois se ele é o homem das palavras, o outro é o do silêncio: silêncio e palavras que mais são se não as duas mãos da poesia? A sua voz.

- Devo dizer-te que hão-de passar ainda muitos anos até que tu existas e a minha vida tenha já passado.
-Queres dizer que estou a sonhar, não é? Bem me parecia...
- Um homem é o seu próprio sonho...
- Mas esse sonho, de que falas, é tão íntimo e tão dentro de cada um, que acaba por ser um segredo.
- A esse segredo, a esse pedaço de indizível, prefiro eu chamar silêncio.
Estão agora ambos de pé. Afinal, já se conhecem há muito tempo. Caminham lentamente por entre as sombras lunares das oliveiras. Uma brisa leve sopra, prenúncio de algo que ainda não é. Mas o tempo... que é feito do tempo? Será possível tirar a seta ao tempo, virar-lhe as costas?
"Alguém que tu conheces", Carlos Lopes Pires

Cheira-me a folar... Feliz Páscoa :)

domingo, março 16, 2008

Hora H

Dias e horas e segundos.
E instantes e preciosos.
E caixas e supresas.
E notas e memórias e fotos.
Há lembranças.
E festejo e contenção.
E música e trautear.
E desabafos e euforias.
Há partilhas e risadas.
E festas e abraços e silêncios repentinos.
Há medos e automatismos e defesas.
E impulsos e receptividades.
E dúvidas e conforto.
carpe diei e preocupações.
Há saltos e pés bem assentes.
Há entreolhar e sobreolhar.
Há sol a pôr e sol já levantado.
Há sestas breves e sonos pesados.
Há um até amanhã e um até breve.
Há um dorme bem e durmo bem.

Existirá o dia D?

Happy birthday to you!***

quinta-feira, março 13, 2008

To GRobertoC (voice&soul to DMB)

Come see
I swear by now I'm playing time against my troubles, oh
Oh, I'm coming slow but speeding
Do you wish a dance and while I'm in the front
My play on time is won
Oh, But the difficulty is coming here

I will go in this way
And find my own way out
I won't tell you to stay
But I'm coming to much more
Me
All at once the ghosts come back
Reeling in your mind
Oh, What if they came down crushing
I used to play for all of the loneliness that nobody notices now
Oh, I'm begging slow
I'm coming here

I´m waiting
I wanted to stay
I wanted to play,
I wanted to love you

I'm only this far
And only tomorrow leads my way

I'm coming waltzing back and moving into your head
Please, I wouldn't pass you by
Oh, I wouldn't take any more than (what I need)
What sort of man goes by?
I will bring water
Why won't you ever be glad?
It melts into wonder
I came in praying for you
Why won't you run into the rain and play?
And let the tears splash all over you

4Ever
queria só que ouvissem...
2young2die