OS EMBONDEIROS

(escrito em letra maíscula... pois são muuuuito gandes! )

“ (...) no planeta do principezinho, havia como em todos os planetas, ervas boas e ervas daninhas. E por conseguinte boas sementes de ervas boas e más sementes de ervas daninhas. Mas as sementes são invisíveis. Dormem no segredo da terra até que uma delas se lembra de despertar... Então espreguiça-se e lança para o sol, de início timidamente, um encantador rebento inofensivo. Se se trata de um rebento de rabanete ou de roseira, podemos deixá-lo crescer à vontade. Mas no caso de se tratar de uma planta daninha, é necessário arrancá-la imediatamente mal formos capazes de a reconhecer. Ora, existiam sementes terríveis no planeta do principezinho... eram as sementes dos embondeiros. O solo do planeta estava infestado delas. Ora, se não arrancarmos o embondeiro a tempo nunca mais nos conseguimos desembaraçar dele. Atravanca o planeta todo. E se o planeta é demasiado pequeno e os embondeiros demasiado numerosos, fazem-no rebentar. «É uma questão de disciplina, dizia-me mais tarde o principezinho. Depois de tratarmos do asseio matinal é preciso tratar cuidadosamente do asseio do planeta. Temos que nos dedicar regularmente a arrancar os embondeiros mal os distinguimos das roseiras (...)”

O Principezinho, V

Esta foi a primeira leitura proposta para a caminhada...
Esta passagem do Principezinho vem ilustrada com uma das imagens que mais fascínio me provoca. O desenho dos embondeiros. Uma imagem que não consegui encontrar nas minhas pesquisas cibernéticas, mas mal encontre reproduzo-a aqui.
Este texto surge como preparação para a caminhada, pois interpretei-o como uma limpeza espiritual necessária para se poder "receber" a experiência. O objectivo, aplicável também à nossa caminhada de Vida, é:
1 - Identificar os embondeiros!
2 - Arrancá-los do nosso Planeta!

Sem esquecer que "havia como em todos os planetas, ervas boas e ervas daninhas".
Devemos pedir a ajuda necessário para limparmos os nossos CORAÇÕES e pensarmos nas sementes a eliminar. Só assim, alcançando a serenidade, é que estaremos prontos para receber a experiência!

Uma curiosidade quanto a esta passagem, e na minha busca incessante para vos mostrar tão curiosa imagem, descobri um outro "blogueiro" (espelhoselabirintos.blogspot.com) que interpretava os embondeiros noutra perspectiva... Como de todo quero limitar a imaginação (que é ilimitávél) e como os textos são aquilo que nos tocam, aqui vai a reflexão que encontrei nesse blog acerca do significado dos embondeiros:

"Os afectos crescem como embondeiros...
eu sei, estou a usar a ideia de «O Principezinho» mas sem as raízes darem conta do planeta: antes pelo contrário...
é de ficar com a alma alagada de ternura - e ser bom.
é de dar a mão em paz serena - e ser indizível.

Os afectos crescem e fazem sombra - da gostosa, que protege a pele dos tórridos raios de sol.
Uma sombra doce, um sítio de aconchego.
Ainda que sendo dentro de si, espalha-se e ocupa o mundo.

Os afectos crescem e, de repente, fazem falta.
Como o sol em medida certa,
a noite em constelação estrelada.
Como um véu envolvente, que protege sem asfixiar, que enleia sem prender.

Os afectos.... dependem da capacidade de ser e se deixar afectar. Pelos afectos."

Ora digam lá que não é bonito alargar horizontes e reflectirmos sobre o que as coisas significam para uns e para outros de formas diferentes... e para nós? Como nos toca? E se este texto de Saint-Exupéry não nos fizer de todo sentido...um dia vai fazer. Porque aquilo que o nosso coração não está tão disponível ou preparado para receber agora, poderá assaltar-nos a qualquer altura, como uma LUZ, como um achado... é assim com tudo, é assim nas nossas maiores decisões na vida... é assim que eu já li este livro... 7 vezes :P

Quando estiverem na vossa busca, olhem sempre para os embondeiros com algum carinho pois eles fazem parte de nós... e quando tratados podem ser árvores bem bonitas ;) Ai, mas onde está a bendita imagem...